Sua personalidade agigantou-se durante o regime
militar. Peregrinou pelo mundo, falou publicamente nos areópagos de
muitos países na defesa dos pobres e dos perseguidos políticos
(Foto: Divulgação)
Há 60
ordenava-se bispo auxiliar do Rio. Deram-lhe então o título de DOM. Soa solene.
Em algumas pessoas, afasta. Mas em D. Helder transformou-se em substantivo
próprio. Os íntimos o chamavam, sem mais, de Dom. Esqueceram a etimologia
latina, que esconde o termo dominus, senhor, para transignificá-lo em dom de
donum, presente. Deus fez à Igreja do Brasil e, para além dela, a tantos e tantos
o maravilhoso dom de Dom Helder. Ombreia com as figuras de Ghandi e Teresa de
Calcutá de nossos dias. Relembra Francisco de Assis e se quisermos ir mais
longe a coragem dos profetas e finalmente acorda em nós a figura de Jesus.
A Igreja do Brasil da década de 50 para frente não se entende sem esse personagem único. Presente na fundação do CELAM e da CNBB com o apoio do amigo pessoal Mons. Montini, depois Paulo VI, marcou a Igreja até a morte por fidelidade a toda prova.
No Concílio Vaticano II, com discrição e por meio de inteligente sagacidade, influenciou trâmites organizativos e conteúdos importantes. Incansável, reunia-se com cardeais das grandes sedes europeias para sugerir e articular intervenções no Concílio na direção da opção pelos pobres e da renovação profunda da Igreja.
Sua personalidade agigantou-se durante o regime militar. Peregrinou pelo mundo, falou publicamente nos areópagos de muitos países na defesa dos pobres e dos perseguidos políticos. Denunciou a tortura, os crimes horrendos da repressão. Sofreu na carne a oposição dos militares que lhe cercearam a ação no Brasil. Fecharam-lhe as antenas de TV, da rádio e a imprensa. Mesmo assim, de maneira discreta, calada e persistente, manteve acesa a luta contra a violação dos direitos humanos e contra o regime de arbítrio.
Conjugou duas atitudes raras. Galgou os degraus dos grandes deste mundo, convidado por renomadas instituições, discursando em lugares de destaque. E, ao mesmo tempo, morava no canto de sacristia na pobreza e simplicidade, atendia com presteza e carinho, no espírito de Jesus, os mendigos que lhe batiam à porta. Literalmente tratava as pessoas, como Deus, sem acepção, na linguagem do apóstolo (1Pd 1, 17).
Cortava a noite em momentos de oração, de leitura e de redação dos discursos, das cartas e de outros textos. Conjugava nas falas clareza, jocosidade e viveza de maneira encantadora. No horizonte da atividade pastoral estavam os pobres, os perseguidos, os desvalidos deste mundo. Os menores eram-lhe os irmãos queridos. No Rio de Janeiro, empreendeu obras de vulto em prol dos favelados: a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência. Já em Olinda e Recife, empenhou-se na Operação Esperança com o objetivo de levar a esperança de mudança de melhores dias para as comunidades carentes por meio da conscientização e organização do povo nos difíceis tempos da repressão militar. No seu coração morava a Igreja dos pobres.
A Igreja do Brasil da década de 50 para frente não se entende sem esse personagem único. Presente na fundação do CELAM e da CNBB com o apoio do amigo pessoal Mons. Montini, depois Paulo VI, marcou a Igreja até a morte por fidelidade a toda prova.
No Concílio Vaticano II, com discrição e por meio de inteligente sagacidade, influenciou trâmites organizativos e conteúdos importantes. Incansável, reunia-se com cardeais das grandes sedes europeias para sugerir e articular intervenções no Concílio na direção da opção pelos pobres e da renovação profunda da Igreja.
Sua personalidade agigantou-se durante o regime militar. Peregrinou pelo mundo, falou publicamente nos areópagos de muitos países na defesa dos pobres e dos perseguidos políticos. Denunciou a tortura, os crimes horrendos da repressão. Sofreu na carne a oposição dos militares que lhe cercearam a ação no Brasil. Fecharam-lhe as antenas de TV, da rádio e a imprensa. Mesmo assim, de maneira discreta, calada e persistente, manteve acesa a luta contra a violação dos direitos humanos e contra o regime de arbítrio.
Conjugou duas atitudes raras. Galgou os degraus dos grandes deste mundo, convidado por renomadas instituições, discursando em lugares de destaque. E, ao mesmo tempo, morava no canto de sacristia na pobreza e simplicidade, atendia com presteza e carinho, no espírito de Jesus, os mendigos que lhe batiam à porta. Literalmente tratava as pessoas, como Deus, sem acepção, na linguagem do apóstolo (1Pd 1, 17).
Cortava a noite em momentos de oração, de leitura e de redação dos discursos, das cartas e de outros textos. Conjugava nas falas clareza, jocosidade e viveza de maneira encantadora. No horizonte da atividade pastoral estavam os pobres, os perseguidos, os desvalidos deste mundo. Os menores eram-lhe os irmãos queridos. No Rio de Janeiro, empreendeu obras de vulto em prol dos favelados: a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência. Já em Olinda e Recife, empenhou-se na Operação Esperança com o objetivo de levar a esperança de mudança de melhores dias para as comunidades carentes por meio da conscientização e organização do povo nos difíceis tempos da repressão militar. No seu coração morava a Igreja dos pobres.
Joao Batista Libanio
DOMTOTAL.COM
Nenhum comentário:
Postar um comentário