Um povo acolhedor por natureza, uma sociedade marcada pela cultura sertaneja com hábitos profundamente religiosos e respeito ao sagrado, que celebra os seus padroeiros, santos protetores como algo que une, congrega e anima a caminhada ao encontro com Deus. Somos também uma sociedade onde as mazelas sociais estão presentes, sofremos dos males que V. Revma. tem presenciado por onde tem passado, injustiças sociais, desrespeito, corrupção, maus políticos, violência contra idosos, jovens, mulheres, negros, especialmente se forem pobres. Somos também uma sociedade que ainda busca Deus apenas olhando para o alto sem estar preocupado com o irmão que caminha ao nosso lado, continuamos a ver o Cristo apenas nos altares das nossas igrejas, ainda não o enxergamos no companheiro que estar ao nosso lado precisando de um ombro amigo, de uma palavra de conforto ou até mesmo de alguma ajuda material, sempre achamos que o sucesso ou fracasso de alguém é sempre obra de Deus.
Os nossos indicadores políticos, econômicos e sociais conforme levantamento em seu poder, refletem de forma geral a nossa realidade, visto por muitos são apenas números, quantidades, mas para V. Revma. com certeza são mais do que isto, refletem um quadro humano que necessita de acompanhamento e atenção especial, pois são todos filhos e filhas de Deus que merecem carinho e respeito em seus direitos básicos essenciais. “Que todos tenham vida, e vida em abundância.”
O nosso nível de organização para lutar contra essa realidade ainda está em níveis muito baixo, muito embora sementes estejam sendo continuamente plantadas por alguns poucos que insistem em buscar solo fértil como na parábola do semeador, os frutos dependerão da persistência e dos irmãos e irmãs comprometidos com esse projeto que irão se juntar durante a caminhada.
A igreja possui um poder mobilizador inigualável, é uma das instituições neste país que ainda conta com o respeito da maioria da população, principalmente a igreja comprometida, engajada, defendida por religiosos como D. Helder Câmara, D. Evaristo Arns, Frei Betto, Leonardo Boff, Irmã Dulce e tantos outros leigos que dedicaram suas vidas ao projeto salvívico de Jesus Cristo, por isso da importância do envolvimento da mesma com essa realidade. Essa sua iniciativa de estar próximo do rebanho que pastoreia, do ir ao encontro, do estar presente, indica uma ação evangelizadora que junta a fé com a ação, a oração com a prática, não podemos mais conceber na igreja católica pastores que se colocam em níveis superiores aos fiéis, pastores enclausurados, hospedados em castelos, sentados em tronos que mais parecem divindades da antiguidade.
Jose da Penha o recebe como alguém que traz a boa nova, como aquele que vem para reabastecer as esperanças prometidas por Cristo para aqueles que o seguem e lutam pela construção do mundo segundo os seus ensinamentos.
