Corregedora Eliana Calmon - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / ABR,Divulgação
Autora de declarações fortes, como a de que havia
no Judiciário "bandidos de toga", ministra teve mandato marcado por
turbulências e foi alvo de críticas
Depois de
dois anos de um mandato intenso, a ministra Eliana Calmon deixou ocargo de
corregedora-geral de Justiça nesta terça-feira. O término de sua gestão foi
lembrado na noite de terça-feira, no final da sessão do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
Eliana
Calmon ganhou projeção nacional quando disse que era preciso ter cuidado com os
"bandidos de toga". A declaração foi divulgada em entrevista no ano
passado, pouco antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir até onde o CNJ
poderia ir na investigação de magistrados. Na época, a corregedora foi
criticada por grande parcela da magistratura nacional e, em especial, pelo
então presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso, que classificou as declarações
da corregedora de "levianas".
Outro
episódio polêmico relacionado a Eliana Calmon foi a decisão de investigar
indícios de irregularidades no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Maior
corte do país, por onde circulam cerca de 60% dos processos, o tribunal é
conhecido pelo perfil conservador e avesso a interferências externas.
— Entendi
que era preciso calçar as botas de soldado alemão e fazer inspeção, mesmo que
eles não quisessem. E todos viram o que aconteceu — disse, ao relembrar o
episódio.
Na época,
Eliana Calmon foi acusada de quebrar ilegalmente o sigilo de milhares de
pessoas ligadas ao tribunal, o que não ficou provado.
A
corregedora disse que foi muito rigorosa com a corrupção porque os juízes não
têm direito de transigir eticamente e admitiu que seu estilo
"verdadeiro" e "sem limites" causou problemas.
— Minha
vida nesses anos foi extremamente incômoda, mas eu me dispus a ser assim para
ser inteira, para fazer o que estava ao meu alcance — observou Eliana Calmon,
garantindo não guardar mágoas.
Ela
tentou concluir na terça-feira o julgamento de quase 30 processos que estavam
sob sua responsabilidade, mas houve pedidos de vista na maioria dos casos, como
o que apura se houve negligência na direção do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro no episódio que culminou com o assassinato da juíza Patrícia Acioli.
Com a saída da corregedora, a conclusão desses processos deve demorar ainda
mais porque eles serão distribuídos a um novo relator.
Eliana
Calmon voltará a dar expediente no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e só deve
deixar a magistratura daqui a três anos, quando se aposenta compulsoriamente. O
cargo de corregedor-geral será assumido pelo ministro Francisco Falcão, também
do STJ.
Fonte:zerohora
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