Os
brasileiros Frei Betto e Leonardo Boff, expoentes da Teologia da Libertação e
colunistas do DomTotal, se disseram esperançosos com a eleição do argentino
Jorge Bergoglio como novo Papa, e consideram que a escolha do nome Francisco
pode indicar que trabalhará pelos pobres.
"Nunca
houve um Papa com este nome, São Francisco de Assis. É muito significativo por
três razões: é símbolo da ação pelos pobres; da ecologia, pelo amor à natureza;
e terceiro, foi um santo que sonhou que a Igreja estava desmoronando e que
precisava reconstruí-la", disse nesta quinta-feira à AFP o escritor e
frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido como Frei
Betto.
O novo
Papa "está consciente da crise da Igreja, da necessidade de uma reforma
séria, começando pela Cúria Romana. Isso me deixa esperançoso",
acrescentou.
"Estou
satisfeito de que seja latino-americano, argentino. Mas Deus continua sendo
brasileiro, isso é claro. É nosso consolo", acrescentou aos risos.
Frei
Betto indicou que desconhece a atitude de Bergoglio durante a ditadura militar
argentina (1976-1983), mas afirmou que teme que sua eleição tenha sido decidida
em parte sob a lógica de que a Igreja deve neutralizar o avanço do
"progressismo político" na América Latina, onde a esquerda -e o
secularismo- ganharam terreno na última década.
"Temo
que o Papa possa se prestar a isso, mas veremos como irá se manifestar",
afirmou.
Leonardo
Boff, outro dos pensadores da Teologia da Libertação que surgiu na América
Latina após o Concílio Vaticano II (1962-1965), descreveu o Papa Francisco como
um homem "sóbrio, sério, simples".
"O
Papa Francisco é uma promessa. Primeiro pelo nome: São Francisco recebeu de
Cristo o pedido de reconstruir a Igreja. Francisco é o irmão universal",
declarou em sua conta no Twitter este teólogo que pendurou a batina em 1992,
oito anos depois de ser condenado ao silêncio obsequioso (proibição de publicar
e ensinar) por Joseph Ratzinger, logo depois designado Papa Bento XVI.
Boff
também destacou a humildade do novo pontífice, que "inovou" ao pedir
a benção do povo no momento em que foi anunciada sua escolha.
O
sacerdote e teólogo suíço Hans Kung, uma das figuras mais progressistas da
Igreja, declarou que está "feliz" com a esta eleição.
"É um
homem culto, jesuíta, com uma formação sólida. Também é um homem sensível,
simples", acrescentou à emissora italiana Rai Radio 3 este crítico do
anterior Papa, Bento XVI.
Fonte: domtotal.com
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