A dois dias da votação,
2.830 candidatos podem ter eleição anulada com base na Lei da Ficha Limpa
Faltando
dois dias para o pleito municipal, os eleitores brasileiros não sabem se 2.830
candidatos poderão assumir os cargos de prefeito ou vereador caso sejam eleitos
no próximo domingo (7). Devido a isso, até mesmo eleições podem ser anuladas.
Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto, a
incerteza prejudica o eleitor que vai às urnas sem saber se sua escolha será
válida.
O número
de candidaturas sub judice refere-se ao número de recursos recebidos pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ainda não têm decisão definitiva, todos
envolvendo pedidos de impugnação de candidatura baseados na Lei da Ficha Limpa.
Ao todo, foram recebidos pela Corte 2.985 recursos referentes a registros de
candidatura para as eleições deste ano. Desse total, 678 foram julgados pelos
ministros do TSE, mas ainda cabe recurso por parte dos réus, enquanto 155 já
têm decisão definitiva.
De acordo
com o cientista político, criou-se uma situação de insegurança para o eleitor.
“A consequência disso é muito ruim, porque o eleitor vota sem saber se seu
candidato terá condições de assumir, caso eleito. O resultado prático dessa
dúvida é a possibilidade dele anular seu voto involuntariamente. A meu ver, é
uma injustiça que se comete contra o eleitor”, avaliou.
Barreto
defende que o ideal é os processos serem julgados antes de iniciado o período
de campanha. O TSE, no entanto, se comprometeu a julgar todos os processos
relativos à Lei da Ficha Limpa somente até o fim do prazo para a diplomação dos
candidatos, em 19 de dezembro. Por causa disso, eleitores votarão domingo sem
saber se seu candidato é ficha suja.
“Quando o
eleitor vê um candidato fazendo campanha, ele acredita que está tudo certo com
sua candidatura, que ele vai poder assumir o cargo se for eleito. Para evitar
essa confusão na cabeça do eleitor, é preciso haver uma antecedência
confortável em relação às eleições para divulgação do resultado dos julgamentos
desses processos”, acrescentou.
O TSE
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que se trata de um volume
muito grande de processos recebidos num período próximo às eleições em função
dos prazos processuais. A Corte julga os recursos encaminhados pelos tribunais
regionais eleitorais que, por sua vez, julgam recursos às decisões de juízes de
primeira instância, caminho inicial para a impugnação de candidaturas.
Além
disso, o tribunal tem que analisar processos relativos a outras questões, como
o pedido de envio de tropas federais a municípios para garantir a segurança nas
eleições.
Os
candidatos cujas candidaturas não tiveram deliberação da Justiça Eleitoral
concorrerão no próximo domingo sub judice e os votos serão computados
normalmente. Se o candidato tiver posteriormente o registro impugnado pelo TSE,
os votos serão considerados nulos. O procedimento nas situações em que o
vencedor tenha seu registro cassado será analisará caso a caso pelo tribunal.
Thais Leitão
Da Agência Brasil, em Brasília
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