As flores mudaram a vida das agricultoras de Pilões, município do interior
da Paraíba. Foi o cultivo delas que garantiu a 22 mulheres renda para suas
famílias, após o fechamento de uma usina que tirou empregos nos canaviais. O
negócio se mostrou promissor e, hoje, a cooperativa que elas criaram vende o
produto na Paraíba e em
outros Estados.
A ideia de trabalhar com flores foi de Maria Helena dos Santos, que tinha um
terreno, e Karla Cristina. Mas o cultivo da planta era desconhecido na região.
Todas as flores comercializadas na Paraíba vinham de Recife e São Paulo. “Não
sabíamos plantar, nem como começar. A única certeza que tínhamos era que
precisávamos ganhar dinheiro”, Maria Helena.
Mas era necessário trabalhar com uma atividade próxima à realidade delas.
Chegou-se à conclusão que tinha de ser com terra
A outra opção era investir na plantação de bananas, negócio não muito
rentável, visto que era preciso concorrer com grandes proprietários de terra.
“Diante dessa realidade sentimos a necessidade de fazer alguma coisa para ter
uma renda”, diz.
Após testes, perceberam que no brejo a flor daria certo. O terreno de Maria
Helena foi doado ao grupo. Em troca, a associação oferecia 10% da renda.
Projeto pioneiro já foi premiado
O percurso foi marcado por dificuldades. Ninguém acreditava nelas: nem o
banco, nem os amigos, nem os próprios maridos. Com exceção do Sebrae-PB,
serviço de apoio às micro e pequenas empresas, que de imediato acreditou na
iniciativa e passou a apoiar o sonho daquelas mulheres. Surgia a Cofep
(Cooperativa de Flores de Pilões).
Agora, o projeto pioneiro é sinônimo de sucesso e conta com o apoio do Banco
do Brasil e do Governo da Paraíba. De acordo com a cooperativa, por mês
são produzidos, em média, 700 pacotes de flores. No início eram 200.
O rendimento mensal é muito variável, mas nunca inferior a R$15 mil. A
cooperativa trabalha com 12 variedades de flores, desde a rosa vermelha até a
gérbera. O objetivo é ampliar a produção para mil pacotes até o próximo ano.
A Cofep já ganhou vários prêmios de reconhecimento e Maria Helena o prêmio
Mulher Empreendedora do Sebrae-PB.São mais de sete hectares de terra de
cultivo.
Mulheres enfrentaram resistência em casa, mas hoje colhem reconhecimento
Até 1999, em Pilões, a única ocupação das mulheres era ficar em casa tomando
conta das crianças, enquanto os maridos trabalhavam em uma usina da cidade, que
declarou falência e deixou várias famílias sem nenhuma perspectiva de vida.
A situação era difícil. Sem emprego, alguns arriscaram ir embora para São
Paulo ou Rio de Janeiro, na esperança de uma vida mais digna. De uma forma
geral, a pobreza predominava nas casas daquelas famílias.
Mas nada foi fácil. As mulheres tiveram de enfrentar o machismo de seus
maridos, que não aceitavam a ideia. “Achavam loucura”, conta Maria Helena. As
flores, símbolo do amor e do romantismo, por pouco não causou divórcio na
localidade.
Nada disso foi mais forte que a força de vontade. “Chegamos a pensar em
fábrica de redes, de doces, de sandálias, mas depois vimos que o melhor mesmo
era cultivar flores”, declara.
As mulheres de Pilões quebraram as barreiras e o machismo. Hoje, trabalham
na cooperativa 22 mulheres e seis homens. “As flores trouxeram renda e até
melhoraram a convivência com nossos maridos. A vida agora é outra. Tudo são
flores”, diz
Fonte: UOL, em
São Paulo
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