"Seminário da Unesp e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) em Pernambuco avalia (remaatlantico, 12/7) que o Nordeste é a região que
mais sofre e sofrerá com as "mudanças do clima", seguido do Centro-Oeste.
Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba serão as cidades
maiores com mais problemas", informa Washington Novaes, jornalista, em
artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 20-07-2012.
Segundo ele, "reunidos na State of the Planet Declaration, 2.800
cientistas dizem que "o sistema Terra está em perigo".
Eis o artigo.
Enquanto estas linhas são escritas, chove há quatro dias em Goiânia - quando há 30 anos as chuvas no período de estiagem (de abril a setembro) eram tão raras que até nome tinham as duas habituais: "chuva das flores" e "chuva do caju". Algo parecido com o que se verificava também no Cerrado paulista antes que, a partir da década de 1950, a remoção da vegetação nativa e a entrada da cana-de-açúcar e da soja, principalmente, mudassem tudo e tudo fosse possível em qualquer época - chuva e estiagem, frio e calor até no mesmo dia. E hoje tudo acontece ainda no momento em que a calamidade é a rotina em mais de mil municípios nordestinos, com a pior seca em décadas. Mas nem a cidade de São Paulo escapa aos dramas, tendo chovido em oito dias do início de junho mais de 100 milímetros, o que não acontecia em década e meia (Agência Estado, 9/6).
Eis o artigo.
Enquanto estas linhas são escritas, chove há quatro dias em Goiânia - quando há 30 anos as chuvas no período de estiagem (de abril a setembro) eram tão raras que até nome tinham as duas habituais: "chuva das flores" e "chuva do caju". Algo parecido com o que se verificava também no Cerrado paulista antes que, a partir da década de 1950, a remoção da vegetação nativa e a entrada da cana-de-açúcar e da soja, principalmente, mudassem tudo e tudo fosse possível em qualquer época - chuva e estiagem, frio e calor até no mesmo dia. E hoje tudo acontece ainda no momento em que a calamidade é a rotina em mais de mil municípios nordestinos, com a pior seca em décadas. Mas nem a cidade de São Paulo escapa aos dramas, tendo chovido em oito dias do início de junho mais de 100 milímetros, o que não acontecia em década e meia (Agência Estado, 9/6).
Seminário da Unesp e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em
Pernambuco avalia (remaatlantico, 12/7) que o Nordeste é a região que mais
sofre e sofrerá com as "mudanças do clima", seguido do Centro-Oeste.
Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba serão as cidades
maiores com mais problemas. O Nordeste, já com mais 29 mil quilômetros
quadrados sujeitos a problemas mais graves, apresenta manchas de
"hiperaridez", que podem transformar-se em desertos. Outro
estudo, da Universidade Federal de Alagoas, adverte que a média de chuvas na
região - 800 milímetros
anuais - é muito inferior à evapotranspiração, de 3 mil milímetros anuais.
O Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas, com aval da
Coppe-RJ e de 128 cientistas, prevê um Brasil mais vulnerável às consequências
do aumento da temperatura (O Globo, 11/6), com secas mais severas na Amazônia e
na Caatinga; temperaturas mais altas nas grandes cidades do Sudeste (devidas às
"ilhas de calor"); a Caatinga podendo chegar a 50% menos de chuvas em
2050; mas também com alterações sérias no Pantanal, no Cerrado e em parte da
Mata Atlântica; até o fim do século, as chuvas na Amazônia poderão reduzir-se
em 45%, com aumento de 5 a
6 graus Celsius na temperatura; a Caatinga poderá perder 50% até 2100.
Nossos custos (Estado, 14/6) chegam a US$ 6,9 bilhões em 20 anos, com 20,6
milhões de pessoas afetadas e mais de 3 mil mortas - somos o 13.º país em
enchentes e 18.º em prejuízos, segundo a ONU. Mas o Serviço Geológico
brasileiro (Agência Brasil, 3/7) afirma que temos 680 mil pessoas em áreas de
alto risco, só nos 140 de 821 municípios já mapeados - a maioria no Nordeste.
Na América Latina, segundo o Banco Mundial e outras instituições, os prejuízos
com esses fenômenos chegam a US$ 100 bilhões anuais (Estado, 5/6). E seria
necessário investir US$ 110 bilhões anuais, de modo a reduzir as emissões para
duas toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) por pessoa (no Brasil,
segundo o cientista britânico Nicholas Stern, elas estão acima de dez toneladas
anuais per capita).
Ainda nesta semana, o Comitê de Segurança Alimentar da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) pediu a todos os países
estratégias de enfrentamento das mudanças e dos riscos de perda de colheitas,
que afetarão principalmente os países mais pobres. Os custos dos desastres no
mundo a partir de 1992 chegaram a US$ 2 trilhões. E nos "eventos
extremos" morreu 1,3 milhão de pessoas, entre os 4,4 bilhões de afetadas
por enchentes (2,4 bilhões) e tempestades (720 milhões), principalmente
(Estado, 14/6). China e Índia lideram o indesejável ranking. 2010 e 2011 já
foram anos dramáticos.
A elevação do nível dos oceanos agrava as preocupações dos cientistas.
Estudo da Natural Climate Change (6/7) afirma que mesmo com cortes profundos
nas emissões de gases poluentes e baixa nas temperaturas médias até 2050 o
aumento do nível dos oceanos será "inevitável" até o fim do século.
No Ártico, a concentração de CO2 já chegou a 400 partes por milhão. Até a
extração e o uso de águas subterrâneas agrava os problemas no mar.
O ano de 2012 está sendo o mais quente na História dos Estados Unidos desde
1895 (Reuters, 8/6), 2,9 graus acima da média do século 20. China, Bangladesh,
Japão estão de novo às voltas com fenômenos extremos, milhões de pessoas
atingidas. A Rússia investiga se administradores relapsos contribuíram para as
piores inundações e o maior número de mortes em décadas, com o volume de chuvas
em uma hora superando o que era habitual em dois meses, em algumas regiões.
É nesse quadro que se reuniram esta semana em Berlim os representantes de 35
países, na tentativa de um acordo que possa levar a compromissos de redução de
poluentes na Convenção do Clima, em novembro, no Qatar. Aí, a primeira-ministra
Angela Merkel, da Alemanha, disse que enfrentamos "grande perigo" e
que as intenções dos países poluidores até aqui não bastam para enfrentar a
questão. Mesmo contendo o aumento da temperatura planetária para até 2 graus em
meados do século, o problema não estará resolvido Mas persiste o velho
confronto: os países do Brics, o Brasil incluído, dizem que a obrigação é dos
países industrializados, que emitem desde o início da revolução industrial e
até há pouco emitiam mais que o resto do mundo; os países mais desenvolvidos
retrucam que sem as nações em desenvolvimento, que hoje poluem mais, nada
adiantará. E pedem que haja novo período de vigência do Protocolo de Kyoto. Com
o mundo ainda subsidiando com US$ 1 trilhão anuais o uso de petróleo e de
outros combustíveis fósseis. A ONU é contra e quer criar uma taxa sobre esse
consumo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) apoia e tem até proposta de
punição para os poluidores.
Reunidos na State of the Planet Declaration, 2.800 cientistas dizem que
"o sistema Terra está em perigo". O Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas pede planos setoriais de mitigação de emissões aos setores mais
poluentes. Mas ainda emitimos quase 2% do total mundial de poluentes. E os
acordos estão difíceis internamente.
E chove, chove, onde deveria ser estiagem. E piora a seca na Caatinga.
Fonte: www.domtotal.com.br
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